quarta-feira, 28 de maio de 2014

e de repente somos empurrados.

Empurrados para a berma da estrada.
Porque estamos a levar a vida demasiado leve.
Demasiado bem.
Andamos demasiado felizes.
Parece que não estamos a encarar o que devíamos.
E somos atirados contra um muro.
Um muro chamado "demência".
Não que não houvesse já. não que não se soubesse já.
apenas não o olhavas com a devida atenção.
andávamos todos enganados.
mas temos de ver o muro.
de ver o sinal.
Um sinal com letras garrafais "OLHA LÁ, ISTO NÃO É ASSIM TÃO SIMPLES, PAH!!"
E de repente és obrigado a parar.
E percebes que te fugiu a lembrança da idade, de alguns nomes, de noções de responsabilidade, de obrigação, de necessidade.
E de repente sinto-me a perder-te.
Mas enxuto as lágrimas, e sou, porque sou, porque quero, por tudo, a mais forte. Para ti. Por ti.
Porque te vejo de repente a virar criança, a viveres cada vez mais no teu mundo.
Sei que te lembras de mim e sabes quem eu sou.
Espero que ainda assim continues por muito, muito tempo.
E quando a memória levar a melhor sobre ti, também vou aqui estar.
A morrer por dentro, de coração apertadinho, a chorar contigo, mas de sorriso aberto, sorriso feito e a mão estendida para ti.
De mão dada, braço entrelaçado, apoio-te e digo-te "vá, anda comigo. Tu consegues andar".
Demência.
Puta de vida, que nos obriga a abrir os olhos de uma forma tão abrupta.
tão seca.
tão fria.
Vá, esquece lá isto tudo.
Aconchega-te aí nos cobertores, e dorme bem.
Descansa.
Eu estou aqui.
Sempre.
A tua "rica filha", a tua netinha.
A tua.

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